Dos trabalhos forçados à criação de um empreendimento negro que existe em toda a diáspora.
Já imaginou que, ainda no período da escravidão, haviam homens negros com o poder de passar navalhas afiadas no pescoço de homens brancos?
Apesar do poder ser temporário, ele era absoluto. De alguma forma, esse poder refletia na forma com que a sociedade – branca ou negra – via esses homens que trabalhavam como barbeiros. Muitos eram considerados líderes em suas comunidades e conseguiram uma modesta ascensão social e independência financeira.
Defendendo a independência econômica dos negros e ampliando essa ascensão, alguns dos barbeiros mais bem-sucedidos fundaram as maiores companhias de seguro comandadas por negros nos EUA.
Mas a tradição das barbearias e salões negros existe em toda a diáspora.
Reprodução | Foto de Leonard Freed & Magnum Photos
Os profissionais brancos nunca se importaram em saber cortar os cabelos e tratar adequadamente a pele onde cresce uma barba crespa. É um trabalho feito de negros para negros, geralmente.
Para muitos é um espaço sagrado, onde homens negros conversam e saem com a autoestima elevada.
Sem falar na fidelidade envolvida: não se troca a pessoa que sabe cortar o seu cabelo direito.
Para os clientes que ascenderam socialmente ou que simplesmente se mudaram para outros bairros, a volta à barbearia/salão (feita semanalmente ou, no máximo, a cada quinzena) do bairro representa a manutenção das suas raízes e vínculos de amizade
Para os proprietários, representa uma alternativa de independência financeira e social, com um negócio voltado à sua própria cultura.