O Brasil conquistou as suas primeiras medalhas de ouro, no judô e ginástica artística, durante as Olimpíadas de Paris em 2024, ambas medalhas conquistadas por mulheres pretas que em primeiro momento foram ovacionadas e reverenciadas (com toda a razão) com muito orgulho pelos brasileiros.
Mas logo em seguida, quase que imediatamente nos deparamos com uma enxurrada de comentários incomodados por algumas matérias, em seus títulos e conteúdo afirmarem que a mulher que conquistou o ouro é preta, como se não fosse correto relacionar a vitória com o recorte racial ao qual elas fazem parte.
Os argumentos desses comentários costumam circundar a mesma base “Ela conquistou o ouro por ser dedicada e competente, não por ser uma mulher preta.” variando muito pouco no motivo. Esse tipo de articulação acontece frequentemente na atualidade, talvez pelo dinamismo da comunicação, talvez pela dificuldade em aceitar um lugar tão alto e incontestável ocupado cada vez mais por pessoas pretas. Mesmo frequente esse comportamento não é novo ou recente, isso ocorre há séculos sendo um dos mecanismos para o apagamento cultural.
Desassociar a questão racial das conquistas de pessoas pretas é uma das ferramentas que mantém as estruturas separatistas no convívio social, isso acontece no esporte, na ciência e política.
O que me levou a questionar.
Qual é o problema em relacionar o sucesso das atletas com o recorte racial delas? Quais as consequências viriam dessa associação? O que poderiam causar? E para quem essas consequências seriam negativas?