AFRO PERM: A estética do cabelo crespo na cultura asiática.

A influência do Hip-Hop e a estética negra na cultura global.

A cultura hip-hop emergiu como um fenômeno global, influenciando profundamente diversos aspectos da sociedade. Diante desse fato nasce a fusão entre raízes negras e asiáticas reinventada ao longo do século, principalmente através da indústria da moda e música, influenciando comportamento, identidade, estética, atitude, resistência e tradição.

Jovens asiáticos adotam como tendência de estilo uma das características mais evidentes da identidade negra; – o cabelo afro.

O que é o AFRO PERM

Diferente dos permanentes tradicionais, o Afro Perm é um processo químico que transforma cabelos lisos (comuns entre asiáticos), replicando a textura do cabelo crespo natural (tipo 4C). O objetivo é imitar a estética capilar de pessoas negras, criando um visual volumoso e encrespado.

Alguns dos estilos mais populares incluem:

Permanente Classic Black:

Volume arredondado ou quadrado, ideal para o pente garfo. Precisa de pelomenos 10 cm de cabelo para melhor definição.


Permanente bolinha/granulado:

Textura criada com esponja modeladora, popular no Brasil (ViniJr), EUA e agora na Ásia.

Permanente twisted:

Pequenas mechas torcidas em movimento espiral.

Apropriação ou apreciação?

A estética afro—por tanto tempo marginalizada—torna-se tendência do outro lado do planeta. Mas até que ponto essa valorização é legítima?

Em 2022, uma aluna de um colégio militar da região metropolitana de Salvador, foi proibida de entrar no colégio, por usar o cabelo crespo. No BBB21, João Luiz ouviu de outro participante (Rodolffo) seu cabelo ser comparado a uma peruca usada na dinamica do jogo “Castigo do Monstro. Em outro episódio marcante, a senadora Regina Sousa foi chamada de “tia do café” por não seguir padrões estéticos eurocêntricos; entre outros milhares de casos recorrentes.

No Brasil, apesar de 54% da população brasileira ser composta por pessoas negras, os salões de beleza especializados nesse público ainda são minoria, porém é possível destacar dados sobre Mercado de beleza afro crescendo.

  • Mais de 70% das brasileiras possuem cabelos crespos ou cacheados.
  • Mulheres negras movimentam cerca de R$ 700 bilhões anuais no setor.
  • Negros representam 52% dos empreendedores brasileiros, totalizando mais de 15 milhões de negócios (Sebrae).

Organizações como BlackRocks, FEIRAPRETACRIA e Vale do Dendê têm incentivado o afroempreendedorismo no país, fomentando projetos liderados por pessoas pretas e pardas.

Enquanto isso, a revista Black Enterprise revelou que, dos 9.800 negócios de beleza voltados para pessoas negras nos EUAa maioria pertence a coreanos. Enquanto os negros detém aproximadamente 300 empreendimentos.

A pergunta persiste: por que o cabelo afro, ainda alvo de discriminação, vira tendência quando apropriado por outros grupos?

A moda tem um histórico longo de apropriação cultural, onde elementos da negritude são retirados de seu contexto e transformados em produtos vendáveis. Mas, quando a própria comunidade negra valoriza suas identidades e resistência, a história muda.

estudo mostra que 53% das meninas negras de 5 anos já sofreram discriminação por seu cabelo. Entre jovens negras de 12 a 18 anos, esse número sobe para 86%.

O impacto? Autoestima abalada, absenteísmo escolar e exclusão social.

Consciência cultural?

No fim das contas, adotar referências de outra cultura não é nenhum crime—desde que a história por trás delas seja mantida e respeitada. Para alguns asiáticos, o Afro Perm pode ser só um penteado. Para muitos negros, o cabelo é resistência.