“Tarzan sem Chita”. Expressões e termos que perpetuam preconceito e racismo estrutural na sociedade.


A declaração fatal de Alejandro Domínguez, atual presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL), quando questionado sobre uma possível ausência dos clubes brasileiros na administração da entidade, se enquadra em um contexto mais amplo do que uma analogia infeliz. Mesmo sem uma intenção explícita de ofensa, suas palavras expuseram problemas recorrentes relacionados a estereótipos e questões raciais no futebol sul-americano.

Segue:> Mais de 20 expressões populares e termos, acompanhados de suas origens e significados, que ao longo dos séculos foram associados a estereótipos da cultura negra de forma pejorativa
— e que você não deve usar.

  1. “Meia tigela”: Durante a escravidão, negros que não atingiam as metas de trabalho recebiam apenas metade da tigela de comida.

  2. “Cabelo ruim”: Despreza as características físicas das pessoas negras, associando seus cabelos a algo negativo.

  3. “Cor do pecado”: Embora pareça um elogio, exotifica e hipersexualiza a pele negra.

  4. “Denegrir”: Significa tornar algo negro, sendo usado como sinônimo de difamar ou manchar reputações, associando o “negro” a algo negativo.

  5. “Doméstica”: Embora seja uma profissão digna, o termo é frequentemente usado de forma pejorativa para menosprezar alguém, refletindo preconceitos sociais e raciais.

  6. “Escravo” como sinônimo de trabalho árduo: Usar “escravo” para descrever trabalho pesado banaliza a gravidade da escravidão.

  7. Crioulo/Negão”: Era a designação do filho de escravizados, é um termo extremamente pejorativo e discriminador do indivíduo negro ou afrodescendente.

  8. “Inveja branca”: Associa a cor branca a algo positivo, implicando que a inveja “negra” seria negativa.

  9. “Lista negra”: Termo usado para designar uma lista de pessoas ou coisas indesejadas, associando o “negro” a algo ruim.

  10. “Mercado negro”: Refere-se a atividades ilegais ou clandestinas, novamente associando o “negro” a algo negativo.

  11. “Mulata”: Deriva de “mula”, animal híbrido, e era usada para designar pessoas de pele clara, fruto da miscigenação, carregando uma conotação pejorativa.

  12. “Nas coxas”: Supostamente originada da ideia de que escravos moldavam telhas nas próprias coxas, resultando em peças irregulares. Embora a origem seja debatida, a expressão carrega conotação racista.

  13. “Macumbeiro/Galinha de macumba/ Chuta que é macumba”: Expressão que discrimina as(os) praticantes de religiões de matriz africana.

  14. “Não sou tuas negas”: Expressão que inferioriza as mulheres negras, sugerindo que elas aceitariam qualquer tratamento.

  15. Inhaca” é uma ilha localizada na baía de Maputo, em Moçambique, que se tornou um destino turístico de destaque daquele país. Algumas fontes apontam que a palavra pode designar também um monarca, um líder moçambicano. No Brasil, desde o período colonial, a palavra “inhaca” foi associada a odores corporais ruins.

  16. “Serviço de preto”: Utilizada para descrever um trabalho malfeito, associando negativamente à população negra.

  17. “Ter um pé na cozinha”: Usada para insinuar que alguém tem ascendência negra, de forma pejorativa.

  18. “Cor de pele”: Refere-se ao tom bege ou rosa claro, ignorando a diversidade de tons de pele existentes.

  19. “A coisa tá preta”: Usada para indicar que algo está ruim ou complicado, associando a cor preta a situações negativas.

  20. “Humor negro”: Refere-se a um tipo de humor que lida com assuntos mórbidos ou tabu, novamente associando o “negro” a algo sombrio ou negativo.

  21. “Magia negra”: Termo usado para descrever práticas ocultas consideradas malignas, associando o “negro” ao mal.

  22. “Neguinho”: Embora possa ser usado de forma carinhosa em alguns contextos, também pode ser empregado de maneira pejorativa ou diminutiva em relação a pessoas negras.

  23. “Preto de alma branca”: Usada para elogiar uma pessoa negra que se comporta de maneira que a sociedade considera positiva, implicando que características boas são associadas à “brancura”.


No Livro, Tarzan é John Clayton III, filho de aristocratas britânicos que naufragam na costa da África. Criado por uma tribo de macacos, Tarzan é um personagem branco, símbolo do herói europeu e selvagem, enquanto a Chita, seu amigo animal, é um macaco, uma figura que não é humana e que, muitas vezes, foi associada a estereótipos negativos sobre a população negra. No contexto da frase de Domínguez, há uma comparação implícita que reduz a importância dos clubes brasileiros à Chita que era como um acessório de Tarzan.

Reconhecer e evitar o uso dessas expressões é como o chute inicial para combater o racismo estrutural em nossa sociedade.

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